quinta-feira, 21 de junho de 2018

Printemps: a chegada das flores!

O mês de março foi excepcionalmente mais frio que o normal para essa época do ano aqui na França. A chegada da primavera parece, então, que foi ainda mais comemorada - vive le Printemps! Pudemos assistir a essa transição de forma mais realçada, e para nós nunca a primavera foi tão sinônimo de germinação... começamos a nos adaptar ao ambiente, a aproveitar tudo o que essa oportunidade nos apresenta.
A saída do inverno e a chegada dos dias bonitos, do sol e das flores mudam o humor das pessoas, trazem alegria e entusiasmo.
As floriculturas ficam em polvorosa, nas grandes lojas são destacados produtos para jardinagem, tem até concurso para eleger as varandas mais floridas, e qualquer espacinho vira um charmoso jardim. Também oferecem pequenas oficinas incentivando os moradores a se tornarem "jardineiros da cidade", e até os jardins dos cemitérios são divulgados como pontos de visitação.
Ao lado  do parquinho que frequentamos, iniciaram uma grande obra: fecharam uma rua que era sem saída, vieram tratores, cavaram, e vários dias se passaram até que descobrimos que todo esse esforço foi para... ampliar o jardim do parquinho. Não é necessário dizer mais nada sobre a busca pelo bem estar e qualidade de vida, né?

Em 2013 havíamos estado em Paris também durante a primavera, mas choveu por quase todo o período que estivemos na cidade - sim aqui também chove bastante, nada difícil de encarar para quem mora em Petrópolis 😂.
Mas,  agora, com mais tempo, podemos curtir o quanto a cidade fica ainda mais mágica:

Jardin des Plantes 

Aqui no prédio a atmosfera também foi contagiante. As duas senhoras que cuidam do jardim começaram o árduo trabalho de limpeza das plantas, permitindo um verdadeiro renascimento. A cada 2 dias, regam todo o jardim com uma mangueira, e o Theo que, como toda criança, adora brincar com água, deu um jeito de ir se chegando e também contribuir com a rega. Numa determinada semana, ambas viajaram e eu me ofereci para regar o jardim. Bem que me avisaram que seria trabalhoso. Reguei 2 vezes e levei quase 2h em cada ocasião. Mas foi bom porque o Theo teve maior contato com o jardim, aprendendo a valorizar as plantas... Esse contato inegavelmente faz muito bem. E ao final dessa empreitada ganhamos lindas flores das vizinhas e contribuímos para manter nosso jardim bem vivo:


segunda-feira, 18 de junho de 2018

Visita a Sacre Coeur

O primeiro local verdadeiramente turístico ao qual resolvemos voltar foi a Basílica de Sacre Coeur. Além de Heberti gostar muito de Montmartre - o bairro onde a igreja se localiza -, eu tinha um motivo muito forte para lá voltar e agradecer.

Montmartre é o bairro dos artistas. A igreja fica no alto de uma longa escadaria, e dá uma linda vista para a cidade. Para chegar até lá fomos de metrô e em seguida subimos as escadas, mas também tem a opção de ir no chamado funicular, uma espécie de bondinho que leva até o alto da Sacre Coeur.
Por estar no alto, é possível ver a igreja de diversos pontos da cidade, e ela chama atenção:


Por trás da Sacre Coeur pode-se explorar o bairro de Montmartre, com todo seu charme. Ruazinhas estreitas, alguns museus conhecidos e a famosa Place du Tertre, onde pintores expõem suas obras ao ar livre, com trabalhos admiráveis.

O bairro havia sido nossa última visita realizada em 2013, durante a qual eu fiz um pedido muito especial, na Basílica.
Essa história pouquíssimas pessoas conhecem.
Havíamos começado a tentar engravidar no final de 2012, e logo no início de 2013 veio o resultado positivo - eu estava grávida e radiante! Mas quando fui fazer a primeira ultrassonografia, não ouvimos as batidas do coração. No dia 15 de abril - um dia após meu aniversário - eu realizava uma curetagem. Foi um período muito dolorido. Após ter passado por isso soube que ocorria com frequência, até mesmo algumas pessoas próximas que nunca haviam mencionado sua experiência, vieram comigo compartilhar que já haviam passado pela mesma dor.
Quando retornei ao trabalho, surgiu uma viagem de 3 semanas para Paris, paga por um instituto francês (LNE), parceiro de um projeto do qual eu participava à época. Convenci o Heberti de ir comigo; tirei uns dias extras de férias e quando fizemos as contas vimos que não ficaria tão caro pagar a parte dele. Fiz meu trabalho e ao final da viagem, ficamos uma semana de férias. Meu médico havia me dado 45 dias de molho, e a partir daí poderíamos voltar a tentar engravidar. Eu estava cheia de medo, até que no dia 03 de junho fomos a Montmartre nos despedir da cidade e comemorar nosso aniversário de namoro. Entrei na Sacre Coeur e rezei. Pedi que pudesse engravidar e ter um bebê.
Meu pedido foi atendido naquela mesma noite, quando temos certeza que Theo foi concebido, o que só viríamos a saber mais tarde.
Como diz o Heberti, Paris é uma cidade mágica, onde os sonhos se realizam. Tá aí meu sonho realizado:


sexta-feira, 15 de junho de 2018

Encontros mágicos

Em alguns períodos de fragilidade parece que nossos anjos da guarda ficam mais atentos e nos trazem peças fundamentais para ajudar a sustentar as estruturas. Comigo, no primeiro mês, dois momentos foram marcantes.
O primeito aconteceu quando Heberti saiu para ir a uma livraria e pedi a ele que trouxesse algum livro em francês para eu ir retomando a língua que estava meio enferrujada. Pedi qualquer romance da Simone de Beauvoir, autora com quem apenas mais recentemente havia tido contato e havia gostado muito. E ele trouxe, além do que eu pedi, um livro chamado Les Chemins de l'Educacion, de Françoise Dolto. Uma psicanalista francesa que acabou por se dedicar muito ao tema da educação e da infância.
E eu devorei o livro. Com nenhuma erudição, muita humildade e com base em experiência própria, ela aborda a questão da relação país e filhos de uma forma que gostei muito. E ali eu encontrei várias contribuições para ajudar nesse período de adaptação. Aliás, apenas lamentei o fato de não tê-la conhecido antes mesmo de engravidar...

O segundo encontro aconteceu logo após a primeira semana de aula do Theo, durante o feriado de Páscoa.
Desde que chegamos, fico procurando programação para fazermos, com foco nos eventos gratuitos, claro! Daí descobri que no próprio dia do feriado teria uma "caça aos ovos", em um shopping perto de casa (Bercy Village), que ainda não conhecíamos. Foi ótimo ter ido: o shopping é super agradável, brincamos com o jogo de caça aos ovos que fizeram para as crianças (Theo ganhou vários ovinhos de chocolate e ficou radiante!) e um inesperado encontro mágico aconteceu. Ao final da brincadeira veio um coelhinho da Páscoa junto com uma moça que distribuía mais ovinhos de chocolate. E as crianças ficaram doidas com o coelhinho. Fomos chegando perto e eu dizia para o Theo se aproximar do coelho para tirar uma foto. Estávamos chegando por trás do coelho e, de repente, ele se virou, se abaixou, abraçou o Theo e eu não estava entendendo nada quando comecei a escutar "eu gosto muito de você". Fiquei em êxtase e perguntei "coelhinho , você é brasileiro?", daí ele respondeu "sim, sou brasileiro; e gosto muito de você" (para o Theo).


Esse longo e apertado abraço veio em uma hora muito delicada da adaptação e nos fez um bem danado!

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Alugando apartamento em Paris

Muitas pessoas nos perguntam como fizemos para alugar o apartamento aqui e esse post é para contar um pouco como foi esse processo.
Como em toda cidade grande, alugar apartamento em Paris não é trivial. Ainda mais para estrangeiros que não estão com qualquer vínculo institucional com o país (o que seria o caso se tivéssemos vindo para trabalhar ou estudar).
No próprio processo de socilitação do visto de longa duração já exigem a apresentação de um contrato de aluguel por todo o período da estadia; ou seja, sequer tínhamos a possibilidade de alugar algo temporário para, então, uma vez estando aqui, procurarmos algo com calma. Nesse contexto, passamos a recorrer a serviços direcionados a turistas, logo, mais caros.
Na primeira vez que aqui estivemos, em 2012, alugamos com uma agência que realiza esse tipo de serviço chamada Lodgis (http://www.lodgis.com/pt/). O processo é até fácil, pouco burocrático e fica bem mais barato que um hotel ou Airbnb. Naquela ocasião, alugamos um studio de 13m2 (nós chamaríamos de quitinete, ou conjugado, no Brasil), por 2 meses. Na segunda vez que viemos, em 2013, alugamos, com a mesma empresa, um de 15m2. Ou seja, fomos acumulando experiência em como sobreviver assim em um cubículo 😂.
Como dessa vez estamos com o Theo, e nossa temporada é de 1 ano, inicialmente queríamos algo maior, claro! E achávamos que seria possível, tentando alugar com antecedência. Mas estávamos vivendo uma fase crítica: não podíamos fechar o apartamento sem a tal da licença confirmada pelo meu trabalho e, sem apartamento, não podíamos pedir visto, comprar passagens, ficávamos num beco sem saída. Vimos nossa antecedência sendo minada e, em dezembro, ainda estávamos procurando apartamento para fevereiro/março. Ou seja: super em cima! Não conseguíamos encontrar nada que coubesse no nosso orçamento e que ficasse na região central de Paris. Fomos abrindo mão das 'exigências', apelando a todos os contatos pessoais para tentar arranjar algo.
E aí encontramos os serviços de uma segunda agência, que atua similarmente à Lodgis - a Paris Attitude (https://www.parisattitude.com/pt/). Ficamos em contato com as duas e nada ficava disponível.
Finalmente, fechamos o aluguel com a Paris Attitude, em 15 de janeiro: um studio de 20m2. Menor do que queríamos, em um bairro que sequer conhecíamos (que nos foi uma agradável surpresa, como contei aqui), mas, além de ser equipado com tudo o que precisaríamos, conseguimos garantir um importante requisito: o apartamento fica no térreo, ou no "rez de chaussée" (tinha medo de ser em um andar alto pelo perigo da janela para o Theo), e demos a sorte de abrir para um lindo jardim:


O prédio é muito silencioso e nossos vizinhos são gentis e solícitos. Não demorou muito para que duas senhoras ficassem amigas do Theo - minha percepção é a de que os franceses adoram crianças. E isso também foi um fator a mais para ajudar no longo processo de adaptação!
Esse tipo de aluguel pode ser realizado para períodos mais curtos, até mesmo para algumas semanas apenas. Uma ótima alternativa para quem quer gastar menos e realizar uma maior imersão na cultura francesa!

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Theo na escola!

Uma semana antes de Theo começar na escola, fomos visitar a École Maternelle, que fica a 10 minutos de casa, a pé. Uma graça. A diretora foi muito solícita, todos muito simpáticos na escola. Simples, mas tudo muito dirigido para as crianças, um ambiente encantador. Theo ficou animado, queria começar logo.
Todos nos diziam que ele aprenderia francês rápido, que o idioma não seria uma grande barreira.
E, no dia 26/03, uma segunda-feira, na parte da tarde, ele começou. Mas decidimos que ele não almoçaria na escola, nem ficaria no horário do centro de lazer (como descrevi na postagem École Maternelle).
A separação não foi tão dolorida porque tudo era novidade. 
Mas no dia seguinte teríamos que estar na escola às 8h20min. Acordávamos no escuro e foi a primeira vez que nos levantamos antes de 9h desde nossa chegada - ainda não estávamos completamente adaptados ao fuso.
Theo não é uma criança muito chorona. Mas dali em diante, a cada dia, chorava mais. Pedia para não ir; dizia que tinha medo. Após deixá-lo, saíamos da escola em frangalhos, nos perguntando se era o certo a fazer.
A segunda semana começou e ele chorava mais ainda que durante a primeira... E eu, ao sair da escola, também chorava, já que na frente dele tinha que ser forte. Conversávamos muito com ele, mas sabíamos que estar num ambiente com pessoas desconhecidas que não entendem o que você diz e que você também não entende o que dizem, devia mesmo ser assustador, especialmente para uma criança de 4 anos! Mesmo no Brasil, Theo nunca foi muito de contar o que se passava na escola, falava apenas uma ou outra atividade que havia feito (super comum, diga-se de passagem). Então não dava para sabermos como de fato estava indo.
Eu conversava com algumas amigas que passaram pela mesma situação e elas me diziam que no início era assim mesmo... Me deram dicas super valiosas.
Conversava com a professora e ela me dizia que, na hora do 'recreio', em que iam para o parquinho, Theo simplesmesnte sentava ao lado da professora (ou ajudante) e lá ficava. Puxa, logo ele que adora parquinho...
Sinceramente, eu não sei como passamos pela tempestade. Tinha hora que eu simplesmente não pensava, só continuava o caminho... porque se parasse para pensar, o instinto seria de proteção... (em breve farei uma lista com dicas específicas que nos foram muito úteis para ajudar nesse processo, e que podem ajudar outros pais que venham a passar por processo semelhante).
Mas, ao mesmo tempo, cada vez que íamos a um parquinho ficava mais forte em mim a necessidade de ele se comunicar. E a única forma de ele aprender o francês seria mesmo na escola.
Eu diria que nosso pesadelo terminou no dia 11 de abril. Nessa data, comemoraram o 'carnaval' na escola. As crianças fariam um desfile, vestidos com fantasias confeccionadas por eles próprios. O tema do desfile foi 'países do mundo'. A turma do Theo apresentou a África e ele estava fantasiado de girafa.
Todas as vezes que fizeram algum tipo de apresentação na escola em que ele estudava no Brasil, Theo chorava. Então, já estávamos preparados, eu havia avisado à professora. E qual não foi nossa surpresa quando vimos Theo entrando, numa boa (apesar de ter corrido para dar a mão para a maîtresse Carine 😂). Após a apresentação, uma outra professora veio conversar comigo em português  (ela é argentina) e me contou que ficava muitas vezes com o Theo no parquinho da escola na hora do 'recreio'. Também me mostrou duas meninas de outra turma (na casa dos 6 anos) que também falavam português (por terem família de Portugal) e que tentavam igualmente ajudá-lo no parquinho da escola. E aí quase chorei de alegria: ela falou que no dia anterior havia sido a primeira vez em que ele brincou no escorrega, dando a mão para uma de suas amiguinhas. No dia seguinte, Theo me disse: "mamãe, não tenho mais medo da escola, já me acostumei". O processo de adaptação continuaria, sem dúvida, mas o pior havia passado:




domingo, 3 de junho de 2018

Nosso bairro: Reuilly, 12ème

Um ponto importante na nossa adaptação - e mais leve - foi explorar nosso bairro: Reuilly, também conhecido como o 12ème arrondissement da zona central de Paris (a cidade é dividida em 20 áreas administrativas, os arrondissements).
No mapa abaixo, dá pra ver bem onde estamos morando - na seta vermelha escrita "Charenton" (como se fosse um sub-bairro do arrondissement), bem pertinho da fronteira que separa a zona central da cidade de sua "banlieue", correspondente ao que denominamos de 'subúrbio' no Brasil.
Estamos ali bem no fundinho...


Fonte: https://www.findworldsbeauty.com/a-guide-to-paris-by-neighbourhood-all-the-essentials-and-practical-tips-for-paris-arrondissements/



Já havíamos estado em Paris duas outras vezes (uma no 10ème e outra no 15ème, bairros mais próximos às áreas turísticas). Dessa vez, ao começarmos a procurar apartamento, queríamos novamente estar nessa zona central, porque facilita muito o transporte para quem não é da cidade, na nossa opinião. Em breve vou falar especificamente sobre como fizemos para alugar o studio, mas já adianto que quando fechamos com a agência, no meio da correria, dei uma rápida olhada no mapa e entregamos a Deus.
Chegando aqui, fomos surpreendidos com um bairro super agradável, numa vizinhança que tem tudo por perto. E, agora, enquanto procurava um mapapara colocar nesta postagem, li que esse é considerado um bairro residencial, muito arborizado, para quem quer experimentar Paris como um 'local' da cidade. Ou seja, realmente atiramos no que vimos e acertamos no que não vimos. 😜
De fato, o bairro é muito arborizado. Ao nosso redor, em uma distância que podemos ir a pé, temos vários parques: Parc de Bercy; Jardin de Reuilly e o grande Bois de Vincennes. Os parques em Paris são super bem cuidados. As pessoas fazem piquenique, sentam para ler livros, abrem seus laptops... todos têm ára de parquinho para as crianças. Visitar esses e outros parque ficou nosso maior foco. Como já conhecemos a parte turística, e procuramos valorizar os programas gratuitos, os parques são nossa melhor pedida! E assim vamos apresentando o que conhecemos para o Theo aos poucos, e aproveitamos para explorar esse lindo lado da cidade que, quando viajamos a turismo, acabamos deixando de lado.
Muitas postagens serão dedicadas a essas nossas descobertas, que fazem com que Paris seja ainda mais fascinante. Por ora, deixo algumas fotos para que sirvam de inspiração:

 Parc de Bercy

Jardin de Reuilly

Lac Daumesnil no Bois de Vincennes