Em alguns períodos de fragilidade parece que nossos anjos da guarda ficam mais atentos e nos trazem peças fundamentais para ajudar a sustentar as estruturas. Comigo, no primeiro mês, dois momentos foram marcantes.
O primeito aconteceu quando Heberti saiu para ir a uma livraria e pedi a ele que trouxesse algum livro em francês para eu ir retomando a língua que estava meio enferrujada. Pedi qualquer romance da Simone de Beauvoir, autora com quem apenas mais recentemente havia tido contato e havia gostado muito. E ele trouxe, além do que eu pedi, um livro chamado Les Chemins de l'Educacion, de Françoise Dolto. Uma psicanalista francesa que acabou por se dedicar muito ao tema da educação e da infância.
E eu devorei o livro. Com nenhuma erudição, muita humildade e com base em experiência própria, ela aborda a questão da relação país e filhos de uma forma que gostei muito. E ali eu encontrei várias contribuições para ajudar nesse período de adaptação. Aliás, apenas lamentei o fato de não tê-la conhecido antes mesmo de engravidar...
O segundo encontro aconteceu logo após a primeira semana de aula do Theo, durante o feriado de Páscoa.
Desde que chegamos, fico procurando programação para fazermos, com foco nos eventos gratuitos, claro! Daí descobri que no próprio dia do feriado teria uma "caça aos ovos", em um shopping perto de casa (Bercy Village), que ainda não conhecíamos. Foi ótimo ter ido: o shopping é super agradável, brincamos com o jogo de caça aos ovos que fizeram para as crianças (Theo ganhou vários ovinhos de chocolate e ficou radiante!) e um inesperado encontro mágico aconteceu. Ao final da brincadeira veio um coelhinho da Páscoa junto com uma moça que distribuía mais ovinhos de chocolate. E as crianças ficaram doidas com o coelhinho. Fomos chegando perto e eu dizia para o Theo se aproximar do coelho para tirar uma foto. Estávamos chegando por trás do coelho e, de repente, ele se virou, se abaixou, abraçou o Theo e eu não estava entendendo nada quando comecei a escutar "eu gosto muito de você". Fiquei em êxtase e perguntei "coelhinho , você é brasileiro?", daí ele respondeu "sim, sou brasileiro; e gosto muito de você" (para o Theo).
Esse longo e apertado abraço veio em uma hora muito delicada da adaptação e nos fez um bem danado!
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