terça-feira, 29 de maio de 2018

Saindo da caverna

Um amigo nosso que mora aqui em Paris me disse uma vez que achou que nossa adaptação foi rápida. Eu acho que custou bastante. Diria que com um mês estávamos mais inteirados, mas que a adaptação mesmo só veio em maio, quase três meses após nossa chegada, não por acaso foi quando comecei a pôr em prática a ideia do blog.
O primeiro grande choque foi com o fuso horário. Acordávamos perto de 11h horário local, influenciados pelo segundo choque: temperatura. Para nos ajudar, um raro fenômeno fez com que as temperaturas ficassem muito mais frias que a média para um mês de março. E um cansaço quase extremo, num acúmulo com todo o estresse pré-viagem.
E o terceiro grande choque, obviamente, era a língua. Eu estava bem enferrujada no francês, Heberti prefere nem ter que falar muito, e o Theo, tadinho, ficou perdido. E esse foi o ponto mais sensível na adaptação. De repente, Theo estava sem a maior parte de suas referências. Ele, que é um menino que faz questão de cumprimentar pessoas na redondeza, fazer amigos, logo ficou super irritado por não entender o que as pessoas diziam e, pior, por não ser compreendido.
No início, ele ficou encantado com tantos parquinhos por perto para brincar, mas logo tomamos um banho de água gelada. Theo gosta mesmo é de brincar com outras crianças e a barreira da língua parecia intransponível. E, então, ele passou a evitar as crianças. Queria ficar sozinho no parquinho. E ele efetivamente ficava por um tempo - aquele do horário escolar, por exemplo. Quando chegavam outras crianças, ele reclamava, pedia para ir embora. Aos poucos ele se voltava muito para mim e para o pai, por motivos óbvios, suas únicas referências.
Eu sofria ao vê-lo se isolando...
Trilhamos, assim, um longo caminho para a sua adaptação, e essa virou uma importante batalha, que merece um capítulo à parte.


4 comentários:

  1. Realmente a
    Língua é um dois pontos cruciais para a comunicação, no início é difícil , mas só o tempo vai fazer com que ele consiga se comunicar,...

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    1. Pura verdade... aos poucos ele vai aprendendo, e a escola ajuda muito nesse processo!

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  2. Ai tadinho... Faço ideia do sofrimento pra ele que é tão comunicativo! Mas já já ele supera!

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    1. Tá superando e a gente vive repetindo que estamos muito orgulhosos do quanto ele tem enfrentado os medos, do quarto ele tem se esforçado! ;-)

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