domingo, 29 de julho de 2018

Lugares mágicos: Les Jardins du Ruisseau

Em Paris há alguns lugares mágicos que não são captados no nosso radar quando estamos a turismo. São uns cantinhos escondidos, e que quando você descobre, o encantamento é automático.

Isso aconteceu conosco quando visitamos "Les Jardins du Ruisseau", no 18ème, pertinho de Montmartre. Ali fomos porque teria um evento dedicado à leitura de textos por autores que quisessem expor ideias e sentimentos. Um amigo do Heberti havia convidado, decidimos ir lá ver. Sabíamos que se tratava de um jardim feito pelos próprios habitantes do bairro, mas não tínhamos mais detalhes.

Ao chegarmos, a atmosfera não podia ser mais agradável com suas boas-vindas:


Descobrimos mais tarde que essa história havia se iniciado há 20 anos. Quando alguns moradores do bairro tomaram a iniciativa de revitalizar uma linha de ferro desativada, com um galpão de fábrica abandonado em anexo. Ambos, então, foram transformados em um jardim pedagógico compartilhado - como eles mesmos se definem -, um espaço para convivência intergeracional e intercultural:

Parte do jardim,vista da pista de cima 

Era possível ver pessoas cuidando das plantas, super simpáticas e que mostravam orgulho do trabalho empreendido. Ao longo de toda a área, mesinhas montadas, a grande parte ocupada por pessoas lendo, conversando, pensando, fazendo piquenique. Traços marcantes do francês ficavam ali mais evidenciados: a participação, a contemplação e o envolvimento. 


Tudo muito bem cuidado, especialmente com carinho. Theo adorou a oportunidade de andar por uma linha de trem: 


E nós voltamos para casa embriagamos pela poesia que jorrava ali bem na nossa frente, de modo informal e convidadivo:


Impossível não carregar, não querer espalhar mais essas sementinhas de inspiração!

terça-feira, 24 de julho de 2018

Des livres et Bibliothèques

Paris é uma cidade que nos convida à leitura. E muito!

Livraria tem aos montes. Uma mais charmosa que a outra. Livros são muito acessíveis em termos de preço e da gama de ofertas. Feiras de livros também ocorrem com endereço e horário marcado. E ainda têm os "bouquinistes", livreiros que enfeitam as margens do Rio Sena com muita cultura: livros, manuscritos, revistas antigas, cartas raras:

Theo vendo os "bouquinistes" às margens do Rio Sena.

Nos parques e jardins, no metrô, a quantidade de leitores continua expressiva.
Iniciativas locais também fazem parte dessa atmosfera. Ao caminhar pelas ruas, nos deparamos com essa "caixa de livros", bem na entrada de um parque:


Quem quiser, basta trazer um livro e trocar por outro disponível na caixa. Bem livremente, sem ninguém ali tomando conta ou fazendo registro dos empréstimos. Na escola do Theo tem uma semelhante, para as crianças trocarem.
Temos curtido esse clima.
Em casa, nós três gostamos de ler, cada um com seu estilo e ritmo.
Desde pequeno, procuramos aproximar Theo dos livros. Sempre lemos estórias para ele, e em Petrópolis íamos com frequência a uma livraria perto de casa para a "hora do conto". Ele também tinha inscrição em duas bibliotecas próximas - do Museu Imperial, e a Biblioteca Central Municipal Gabriela Mistral  -  onde íamos quase toda semana pegar livros.
Ele aprende não apenas com as estórias, mas também a cuidar dos livros, que viram bons amigos, tanto quanto os atendentes das bibliotecas, sempre tão atenciosos.

Ao chegarmos aqui em Paris, pensei logo em procurar uma biblioteca para continuar cultivando esse hábito.
Pouco após o início da adaptação na escola, a mãe de um coleguinha me indicou a biblioteca mais próxima: a Médiathèque Hélène Berr (além de livros, oferece diferentes mídias ao público).
Ao visitarmos a biblioteca, ficamos de frente a mais uma daquelas situações de deixar o queixo caído.
Simplesmente era um prédio de 06 andares. Fizemos carteirinha na hora, em 5 minutos: bastou preencher um formulário e imediatamente cada um de nós estava apto a pegar até 20 livros emprestados, em qualquer biblioteca municipal da cidade: são 57 bibliotecas gerais, além de outras 15 especializadas espalhadas pela cidade! Adultos e crianças vão se dirigindo aos guichês automatizados de empréstimo, com suas pilhas de livros, que são então colocados em sacolas, para degustação por até 3 semanas, período que pode ser renovado online.

Deu para entender o porquê do "queixo caído" agora?
São mais algumas sementes que procurarei carregar comigo de volta...

segunda-feira, 16 de julho de 2018

A taça do mundo é deles... França campeã da Copa 2018!

E eis que, após 20 anos, les bleus comemoram a conquista de sua segunda taça da Copa do Mundo.
Não me levem a mal, mas acho que somos 'pé quente'! kkkk
Desde o início do torneio, muitos amigos vinham me perguntando como estava sendo ver a Copa daqui de Paris, como os franceses torcem... E agora que foram campeões, eu não podia deixar esse tema passar em branco aqui no blog.
Para começar, foi uma ótima desculpa para usarmos - eu e Theo, porque Heberti não é muito chegado a esse tipo de exibição - camisa do Brasil 😅.
Theo ainda não havia tido muito contato com o futebol, exceto por um uniforme do Flamengo que ele adora usar lá em Petrópolis porque ao andar nas ruas rolam aquelas brincadeiras, o que ele adora! No Brasil, não temos aparelho de TV e não temos mais acompanhado o esporte... Mas estando fora do país, a torcida renasceu, voltei a acompanhar os jogos, ler notícias sobre a seleção. Impossível segurar a emoção quando a torcida cantava o hino em capela. Ao andarmos pelas ruas com a camisa do Brasil recebíamos manifestação de apoio, comentários simpáticos. Como já comentei aqui no blog, o francês tem bastante simpatia pelo Brasil! E então, Theo passou a pedir para usar toda hora camisa do Brasil.
Fomos curtindo esse clima, mas era perceptível que havia pouquíssimas manifestações pelas ruas, à exceção de algumas pessoas com a camisa da França ou com aquele galo, símbolo do país (veja o porquê em <https://www.conexaoparis.com.br/2015/04/20/galo-simbolo-da-franca/>).
O pai de um coleguinha da escola do Theo me explicou que na primeira fase, a torcida era bem modesta, que o clima ia esquentando a partir das quartas de final. E, de fato, foi o que aconteceu. Na semi final foi a primeira grande festa! E a partir daí até fogos dava para escutar!
Heberti torceu para a França, mas depois que o Brasil saiu, passei a torcer para a Bélgica, porque foi o time que achei que estava melhor... Mas acima disso, confesso que não consegui me desvencilhar da antiga rixa de 20 anos atrás. Pra piorar, esse mesmo pai, que é super simpático, quando aventei a ideia de um jogo Brasil X França, ele respondeu rápido: "vamos bater vocês, como sempre... a França é a bête-noire do Brasil" e me explicou que eles dizem que uma seleção é a bête-noire da outra quando sempre sai vitoriosa nos embates. Ele não foi nada ofensivo, foi direto, daquele jeitão francês, mas renasceu em mim a tal rixa...
Heberti diz que sou ingrata, porque a França nos tem proporcionado muitas alegrias. Verdade. Mas futebol, é futebol.
De toda forma, o final de semana da grande disputa foi uma imensa festa: os carros buzinavam, os bares ficaram lotados, foi muita festa mesmo! Vimos o jogo em casa, porque achamos que com o Theo não valeria à pena enfrentar tumulto. Uma amiga me pediu para gravar um pedaço do jogo pela TV para ela ver como era a narração francesa. E eis que gravei o momento do lindo gol do Mbappé. Até me empolguei na hora:

"Allez les bleus" ("vão azuis", como chamam a seleção francesa, devido à cor do uniforme) - o grito mais ouvido no último mês! 

E afinal, não adiantou torcer contra. Me rendi! Parabéns aos franceses!

domingo, 15 de julho de 2018

14 Juillet: a grande festa da França

O 14 de julho é dia de grande comemoração na França, quando marca a queda da Bastilha e o início da Revolução Francesa, de 1789.

Pela manhã, é realizado um grande desfile das tropas militares e autoridades. E à noite, a Torre Eiffel vira palco de um grande show, seguido por uma queima de fogos de 30 minutos. Este ano, Paris ficou ainda mais em festa, já que a França estaria na final da Copa do Mundo, no dia seguinte, 15 de julho. Nós hesitamos a decidir em que eventos participaríamos. Com o Theo, ainda com 4 anos, tudo toma uma proporção diferenciada...

Decidimos então, começar com o desfile. O que mais nos motivou é que dois dias antes estávamos em um parque e passaram, acima de nossa cabeça, vários aviões militares voando bem baixo, um barulho muito alto e que parou todos que estavam pelas ruas... Fomos nos animando, especialmente o Theo, que adora tudo que está relacionado a soldados, aviões, bombeiros...

E além disso, justamente neste fim de semana, uma amiga que trabalha comigo no Inmetro estava na cidade, com sua mãe. Ambas super alto astral e nos animamos de irmos todos juntos.

Então fomos nós. O desfile se inicia no Arco do Triunfo e percorre toda a Avenida Champs-Elyseé - praticamente do outro lado da cidade.

Devido ao forte esquema de segurança montado, algumas estações de metrô próximas ao evento foram fechadas. Então tivemos que andar um bom pedaço até chegarmos, e havia uma verdadeira multidão! O astral era bem pra cima, e mesmo com toda a segurança, era bem leve, muitas famílias e turistas. Policiais e soldados muito educados.

Theo ficou super animado porque viu tudo sentado no 'cangote' do pai!



Confesso que quase não vi nada... era muita gente e com essa minha altura privilegiada ficava impossível enxergar o desfile. Mas consegui ver os aviões e helicópteros no céu! 😅
Aí vai um gostinho do evento:


Antes mesmo de acabar, decidimos voltar pra casa, mas muita gente também parece ter tomado a mesma decisão. Foi um perrengue: longa caminhada, metrô bem cheio... Mas era um perrengue bem civilizado! Não vimos qualquer incidente de empurra-empurra ou aborrecimento parecido.

Acabamos desistindo de enfrentar novo perrengue à noite, para assistir ao show na Torre Eiffel, que começaria às 21h, sendo seguido da queima de fogos às 23h. Não tínhamos nenhum esquema, e a ideia de enfrentar metrô lotado, com criança, para ficar ao 'relento', e chegar em casa de madrugada, acabou nos desanimando. Mas prometi que algum dia ainda vamos assistir a esse show. Descobri que o melhor custo-benefício parece ser assistir da Tour Montparnasse - o ingresso custava €35 por pessoa, mas estava esgotado há quase 3 meses. Fica a dica para quem vier à cidade nesta época.
Nese vídeo dá para ver que vale a pena: https://www.youtube.com/watch?v=BV4Jm2GNVsw.

sábado, 14 de julho de 2018

Les grandes vacances: férias!

Chegaram as férias do Theo: 'les grandes vacances', que correspondem às nossas férias do final do ano no Brasil. São chamadas assim porque serão quase 2 meses: ele só retornará à escola no início de setembro!
Ao longo do ano, as crianças têm ao todo 5 períodos de férias. Além dessas 'grandes férias', outros 4 períodos de cerca de 15 dias cada são previstos: Toussants (out-nov); Noël (natal-reveillon); Hiver (fev-mar); Printemps (abr-maio).
Esse esquema é bem interessante porque permite um descanso para a equipe da escola e para as crianças. Os pais precisam se organizar bem, mas para quem tem necessidade, existe sempre a opção de a criança ficar no chamado "Centre de loisirs" da prefeitura, que funciona na própria escola, e é pago à parte, pois engloba essencialmente atividades de recreação.
Para as 'grandes vacances', esse centro ofereceu apenas horário integral (8h às 18h), o que consideramos que seria excessivo para o Theo. Caso houvesse opção de horário parcial, acho até que teríamos topado, porque seria uma forma de ele continuar em contato mais próximo com o francês e de interagir mais com coleguinhas.
Enfim, como não teremos essa opção... Haja programação! Mas o desafio foi aceito! Na nossa lista está explorar vários parques que ainda não fomos, ir às piscinas (já que em Paris não tem praia, kkk) e à programação de verão que toma conta da cidade... E ainda tem nossa cereja do bolo: uma viagem de trem à Holanda para visitar minha amiga que mora em Haia e sua filha, Luísa, amiga do Theo! Ele pergunta se a viagem está chegando praticamente todo dia. Está louco para andar de trem, e adorou brincar com a Luísa, claro!

Vale destacar que, nessas férias de verão, os parisienses somem da cidade (já o número de turistas... só aumenta). As ruas ficam mais vazias e, como estamos em uma área residencial, muitas lojas também entram de férias - simplesmente colocam um aviso na frente e... au revoir!

A nossa primeira estratégia foi comprar um patinete pra o Theo. Aqui, os patinetes estão por todos os lados. E os que pensam que estou falando exclusivamente das crianças estão muito enganados. É muito comum ver pais levando os filhos para a escola... cada um em seu patinete! Homens de terno e gravata, e até o pessoal da 'melhor idade' adere!



Que venham as férias, pois estamos preparados! E certamente teremos muitas aventuras para contar!

quarta-feira, 11 de julho de 2018

Visitas de amigos brasileiros

Algo que tem funcionado como um verdadeiro bálsamo são as visitas de amigos brasileiros que,  quando se vão, deixam aquele gostinho de 'quero mais'...

Claro que já converso com vizinhos, com mães de alguns amiguinhos da escola do Theo, mas é quando recebemos amigos brasileiros que eu extravaso. Tenho até que tomar cuidado, porque fico mais tagarela do que já sou (se é que isso é possível... kkk), de tanta demanda reprimida.

Ao final de abril veio a primeira visita. Uma amiga muito querida que estudou comigo na faculdade com sua filha de 7 anos, e que atualmente moram na Holanda. Elas ficaram hospedadas na casa de uma amiga dela, em um bairro próximo - já que, infelizmente, aqui em casa não cabe -, mas vieram almoçar conosco e em seguida fomos passear no Jardin des Plantes. Theo e Luísa se deram super bem! E Theo ficou em êxtase por poder brincar com uma criança que o entendia, que, como ele diz, fala Português! Foram momentos tão felizes! As crianças se divertiram no jardim e depois as levamos ao Muséum National d'Histoire naturelle que fica dentro do jardim. Compramos um combo que dava acesso também à Galerie des Enfants do Museu e a uma exposição temporária sobre Meteorites, a qual o Theo já havia pedido para visitar algumas vezes.

Theo e Luísa vendo os meteoritos.

Em seguida, em maio, veio um amigo do Inmetro que estava na cidade a trabalho. Ele deixou a mala aqui em casa no último dia da viagem, para poder passear um pouco com tranquilidade, antes de voltar ao Brasil. Foi uma visita rápida, mas conversamos muito e ele trouxe algumas coisinhas do Brasil, que uma amiga comprou para mim - canjica de milho, tapioca para cuscuz e gelatina. Incrível como sentimos falta de alguns cheiros, sabores e sons da nossa terra!

E esse carregamento foi ainda mais reforçado quando meu cunhado veio com a namorada, em junho. Meus sogros enviaram uma mala cheia de roupas para o Theo - incluindo camisa da seleção! Ficamos prontos para a Copa e com nosso estoque de delícias reforçado:


Eles ficaram hospedados na casa de uma sobrinha da minha concunhada, mas pudemos nos encontrar em várias oportunidades. Vieram almoçar conosco, foram na festinha de final de ano da escola do Theo, e ainda estavam lá quando Theo finalmente conheceu a Torre Eiffel:



Ainda bem que Paris é uma cidade tão visitada! Assim vamos revendo amigos e matando a saudade! Mal podemos esperar pelas próximas visitas! 

sexta-feira, 6 de julho de 2018

Final do ano escolar do Theo

Hoje, 06/07, foi o último dia de aula do Theo. E esse final de ano foi bem animado!

No dia 22/06 teve uma festa, com uma exposição dos trabalhos dos alunos, comidinhas e brincadeiras. Foi justamente na semana em que meu cunhado estava aqui com a namorada e eles também foram à festinha, o que nos deixou ainda mais felizes. O que mais marcou nessa ocasião foi a participação dos pais. Antes, durante e depois. A diretora havia colocado na entrada da escola uma grande folha de cartolina onde cada pai/mãe deveria incluir seu nome na atividade para a qual tinha disponibilidade. Desde preparar os comes e bebes, passando pela arrumação da festa em si, participação nas barraquinhas de buffet e de brincadeiras. Eu fui ajudar a arrumar a escola para a festa. E de fato deu para ver que o pessoal participa mesmo! Não tem aquela coisa de só chegar em cima da hora com tudo arrumado e apenas curtir. É no esquema "mãos à obra". Tudo organizado com muito carinho:


Pouco depois da festa, teve uma excursão para o Jardin des Plantes, para visitar o pequeno zoológico que tem lá dentro. Eles perguntaram se alguns pais poderiam acompanhar as crianças no passeio. Eu, prontamente, me ofereci! Foi uma manhã muito divertida, e também cansativa. Eu fiquei responsável por um grupo de 3 crianças (Theo e mais duas) e tínhamos o desafio de encontrar alguns animais que a professora havia definido. Ao final, sentamos para fazer um pique-nique, nas mesas disponibilizadas dentro do parque. Theo quis ir vestido de soldado e adorou ver os bichos; aí estão alguns momentos do passeio:



Nas últimas semanas de aulas, a professora marcou reunião com cada responsável para fazer o balanço do ano, quando foi apresentado o que chamam de "caderno de acompanhamento dos aprendizados do aluno":


E ela foi me explicando cada item do caderno, que vem detalhando o que a criança sabe fazer ("j'ai reussi...").
Senti um misto de alegria, alívio, orgulho, tão intenso... Mal dá pra explicar! Ela simplesmente disse que o Theo estava conseguindo fazer tudo na aula: presta atenção, se esforça para completar cada atividade até o final, tem boa motricidade e equilíbrio demonstrados nos exercícios físicos, se dá bem com os colegas, canta, brinca de roda, colore bem, sabe desenhar o que seria esperado para sua idade, seus traços são detalhados, sabe contar até 14 e escrever seu nome! Ufa! Só está faltando falar mais em francês, mas ela disse que ele já ensaia algumas frases e expressões. Na realidade, espera-se que uma criança leve uns 6 meses para falar uma nova língua, e o Theo só estána escola há apenas 2 meses, se considerarmos que, desde que entrou teve vários feriados e férias da primavera. Enfim, íamos acompanhando, conversando com a professora de vez em quando, mas foi nessa reunião mais completa que pudemos amaciar o coração.

Antes de terminar, Theo e eu fizemos um delicioso cuscuz de tapioca com côco, colocamos nas embalagens, ele assinou, e entregamos para a professora e a equipe toda que está sempre lá apoiando. É uma forma singela que encontramos de agradecer todo o apoio recebido. Sempre fomos tratados com respeito, atenção e carinho. Sempre fui recebida, com minhas dúvidas e medos. E nunca senti qualquer tipo de viés discriminatório por sermos estrangeiros, o que vale enfatizar. E, de fato, o trabalho ali é realizado com muito primor! 

Quem nos acompanha sabe como o início foi penoso e pode imaginar como estamos nos sentindo nesse momento! Com a sensação de termos escolhido o caminho certo e de estarmos colhendo merecidos frutos! Que venha a Moyenne Section!




domingo, 1 de julho de 2018

Paris est ludique!

Paris é uma cidade lúdica! E nós temos aproveitado as oportunidades que surgem!
Foi em uma das páginas que frequentemente consulto na internet para caçar programas gratuitos que soube que a prefeitura havia montado duas brinquedotecas, em dois trechos às margens do Rio Sena, totalmente gratuitas.
Fomos conferir, e nos deparamos com um ambiente encantador. Simples, mas com um astral maravilhoso, uma ideia que poderia ser espalhada por aí... Theo, então, AMOU!
Simplesmente consiste de um espaço com mesinhas, cadeiras e jogos! Muitos jogos, para todas as idades. Para toda a família. De lego, passando por quebra-cabeças, até diferentes jogos de madeira que não conheço o nome. Nada eletrônico e todos para estimular a criação, o aprendizado e a diversão. A maior parte desses jogos é fabricada de forma sustentável pelo grupo contratado pela prefeitura.
E as pessoas vinham passando, ficando, brincando, indo, e vindo... O vídeo abaixo dá um gostinho do que esse espaço que passamos a frequentar significa:




E ao final de junho veio um grande festival de jogos, chamado "Paris est ludique", que foi realizado em um parque pertinho de casa. Por €5 a entrada (crianças eram de graça), você podia jogar por todo o final de semana em mais de 1000 jogos diferentes montados ao ar livre (jogos de tabuleiro, de construção, de RPG, enfim... tudo o que se pode imaginar e mais um pouco, sem absolutamente nada eletrônico).
Foi um sábado de muita diversão:


E que venham muitos outros eventos lúdicos para aproveitarmos! 😊

Programas gratuitos em Paris

Passar esse ano aqui em Paris, sem qualquer patrocínio, exigiu um bom planejamento financeiro (mais uma vez, a maior parte dos créditos desse esforço vão para o Heberti!). Não viemos de forma intempestiva ou irresponsável, mas, obviamente, tivemos e continuamos tendo que realizar algumas escolhas, e economizar é uma delas.
Paris é uma tentação. Economizar aqui é um verdadeiro sacrifício. A vontade imediata é de fazer a festa nas lojas de bibelôs, de roupas, brinquedos, restaurantes...
Mas, com os dois pés no chão, a gente desenvolve bastante a capacidade de resistir às tentações.
Meu maior foco é encontrar programas legais e gratuitos. Porque qualquer entrada em museu fica no mínimo na casa dos €10. Para quem ganha em euro é mole, mas para nós todos os gastos são multiplicados pela taxa de câmbio que só fez subir desde que aqui chegamos. E assim, junta o bilhete do metrô, multiplica tudo por três e num piscar de olhos gastamos uns R$ 200,00.
Além disso, é bom que o Theo tenha contato com arte, com a rica cultura dos museus, mas nessa idade a atenção dele é muito dispersa, então nem sempre o investimento de fato compensa. Nós dois, por outro lado, já fomos à grande parte dos museus. E confiamos que ainda poderemos voltar outras vezes!
Enfim, essa breve introdução é para enfatizar que nossa criatividade deve ser exercitada ao máximo, focando na vasta oferta de programas culturais e ao ar livre que a cidade oferece.
Um grande aliado é o site https://www.sortiraparis.com/, que toda semana fornece uma agenda com a programação. Minha única experiência de morar em cidade grande havia sido no Rio de Janeiro. E me lembro que de vez em quando eu ficava zonza com tantas opções de programas e atividades. Pois aqui em Paris essa zonzeira vai ao ápice. Especialmente com a chegada da primavera e do verão, se multiplicam os festivais, de música, de jogos, de teatro...
Um outro site que ajuda muito é o da prefeitura, que tem uma página mais voltada para quem está com os bolsos vazios, como eles dizem: https://quefaire.paris.fr/parisgratuit.
E eu fui me inscrevendo em tudo o que podia. Na subprefeitura de cada bairro também é possível se cadastrar em um serviço que envia informações sobre o que acontece no seu bairro - o que para nós é ainda melhor por não incluir longos deslocamentos. Essa é a minha cereja do bolo.
Uma outra dica legal para compartilhar é que vários museus e monumentos aqui de Paris têm horários de gratuidade. Alguns à noite, outros no primeiro domingo do mês (o ano inteiro ou apenas na baixa temporada).
Já levei Theo ao Musée des Arts et Métiers, que tem horário gratuito toda quinta à noite. Foi aquela visita de 30 minutos, ele só se interessou por algumas ferramentas, maquetes, e pela parte dos transportes. Daí repito, melhor pensar duas vezes antes de gastar uma grana para entrar nos museus com as crianças. Durante os horários de gratuidade já conseguimos cumprir o papel de apresentar um pouco de arte aos pequenos, na minha opinião.
E no primeiro domingo do mês de maio fomos ao Centre National d'art et de culture Georges-Pompidou, mais conhecido como Centre Pompidou - que congrega artes plásticas, cinema, música, design. Nesse dia, o acesso à coleção permenente do Museu é gratuito.



Foi Theo quem escolheu ir a esse Museu porque ele chama muita atenção por fora, ele estava louco para subir pelo túnel exterior que leva os visitantes às galerias do Museu. Visitamos a parte que tem quadros de Picasso, Matisse, Salvador Dali, dentre outros, mas Theo nem ligou. Ele também gosta bastante de lá porque tem uma livraria deliciosa, com uma parte específica para crianças. Enfim, é um ambiente muito gostoso e vale à pena conferir!