terça-feira, 18 de setembro de 2018

6 primeiros meses em Paris: balanço geral

E eis que completamos 6 meses em Paris. Essa tem sido uma oportunidade singular. Podemos passar mais tempo em família e explorar, em maiores detalhes, uma cultura diferente, aprendendo com as novas experiências, que incluem superar nossos medos e sair da zona de conforto.

Sair dessa zona de conforto não é nada fácil mesmo. Crescer dói. E é inegável que temos crescido muito aqui. Não vou negar: houve dias em que a vontade era de pegar o primeiro vôo para casa. Mas vontade dá e passa... E ainda bem que essa passou rápido porque sei que ainda tinha (e temos) muito o que aprender. Ao longo do tempo vamos nos adaptando e a grande saudade fica mais administrável.

Já nos sentimos mais familiarizados e menos perdidos. Theo tem feito coleguinhas, está a cada dia mais solto nos parquinhos e na vizinhança. Essa vizinhança, aliás, tem sido um ativo muito especial. Duas senhoras que moram aqui no prédio são pra lá de gentis, fazem comidinhas gostosas e compartilham conosco, brincam com o Theo e vira e mexe dão uma lembrancinha para ele, que adora! Também temos nos esforçado para conhecer e revisitar lugares especiais, buscando programas culturais e aproveitando sempre que tem algo gratuito. São momentos que sem dúvida ficarão marcados com imenso carinho:


Outro aspecto a ser salientado é que antes de virmos pra cá, uma grande dúvida que eu tinha estava relacionada ao tratamento que receberíamos. A recente crise dos refugiados despertou em mim esse receio: de que os franceses viessem a se comportar de maneira hostil a imigrantes de forma generalizada. Para minha feliz surpresa, posso dizer que em todo esse período não houve qualquer micro incidente que pudesse nos deixar incomodados com o tratamento que nos tem sido dispensado. Ao contrário, temos sido muito bem tratados, até porque algo que havia notado na outra vez que viemos para Paris - e que agora ficou ainda mais evidente - é que os franceses têm imensa simpatia pelo Brasil. Não são raras as ocasiões em que algum francês, ao saber que somos brasileiros, nos trata de forma afetuosa e faz vários elogios à cultura e a diferentes aspectos do nosso país.

Falando de Brasil... Em todo o período escrevendo aqui não tenho tocado na nossa conjuntura para não misturar alhos com bugalhos. Mas se alguém tinha dúvida, é bom esclarecer: não estamos aqui alienados; acompanhamos com fervor todos os acontecimentos. Infelizmente, não dá para dizer que as notícias que chegam são boas. Muitas noites mal dormidas aqui devemos a preocupações suscitadas por algo que lá ocorreu. Como dizia Stalislaw Ponte Preta: "Quando estamos fora, o Brasil dói na alma; quando estamos dentro, dói na pele". É bem isso o que sinto nesse momento.

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