Como em agosto deu certo nossa ida com o Theo a um Museu que oferecia gratuidade especial para esses dias, resolvemos nos arriscar, neste primeiro domingo de setembro, em uma ida a um museu maior, e escolhemos um dos meus preferidos: o Musée d'Orsay. E tivemos um dia realmente muito especial, em toda a sua simplicidade.
Theo havia passado os últimos dias indo a uma ludoteca que montaram perto de casa e era só o que queria fazer. Usei toda a psicologia infantil para explicar que se fomos com ele à ludoteca por 3 dias seguidos, nada mais justo que no domingo nós - o pai e eu - escolhêssemos o programa. E queríamos visitar um museu. Confesso que saí levemente preocupada porque não queria que de alguma forma a chance de aguçar seu interesse por museus fosse perdida.
Fiz esse preâmbulo para dar mais destaque às suas reações que viriam mais à frente. Theo saiu de casa me perguntando se eu tinha certeza de que seria legal ir ao museu; estava bem desconfiado...
Mas ao chegar lá, passou a repetir: "nossa, mamãe, valeu muito a pena mesmo não ter ido à ludoteca". Diferentes detalhes o conquistaram, começando pela entrada de tirar o fôlego com as boas-vindas do salão de esculturas em seu Pavilhão Central:
O Museu está localizado às margens do Rio Sena, em um prédio que abrigava uma antiga estação de trem. E, quando perguntei para o Theo "adivinha o que esse prédio era antes de virar um museu?", ele acertou na segunda tentativa e ficou em êxtase! (A primeira resposta dele foi "um quartel de bombeiros", hahahah). E, cheio de curiosidade, logo quis explorar as maquetes expostas:
Antes de passarmos para a melhor parte da visita, paramos para uma pausa no "Café Campana", decorado justamente pelos Irmãos Campana, dupla de designers brasileiros cujo trabalho passei a admirar após visita a uma exposição no Centro Cultural Banco do Brasil. Faz muito bem se sentir próximo a um pedacinho do país que deu tão certo!
A parte mais importante da visita para mim, e que explica porquê este é um dos museus que mais gostei de visitar na vida, é a coleção impressionista, uma das maiores do mundo. Elá está o quadro que, dos que já vi pessoalmente, achei mais espetacular, que é "A noite estrelada", do van Gogh, o pintor que eu mais gosto (curiosamente, ou não, o irmão dele se chamava Theo).
E eu fiquei bem emocionada de poder mostrar o trabalho dele ao vivo para o Theo. O quadro abaixo, por exemplo, de longe, Theo foi dizendo: "Olha, mamãe, é o quarto do van Gogh". Isso porque em um livro de artes para crianças que pegamos na biblioteca daqui tinha esse quadro, daí a memória já foi devidamente criada:
Até aqui, a postagem falou de um museu e uma conquista: o Musée d'Orsay e a bem-sucedida apresentação de mais um pedacinho desse vasto mundo para o Theo. E até o parágrafo anterior eu havia escrito no próprio domingo (02 de setembro de 2018), ainda empolgada, mas deixei para fazer o 'acabamento' no dia seguinte...
..e eis que no dia seguinte acordei e vi no celular a fatídica notícia de que aquele domingo seria marcado não pelo Musée d'Orsay e pela conquista que descrevi, mas pela derrota que experimentamos no Brasil, com o incêndio que destruiu o Museu Nacional no Rio de Janeiro. Um lindo Museu que não vou ter a chance de mostrar ao Theo. Por essa e várias outras questões que a notícia também trouxe à tona - o que não cabe expor aqui - eu passei a segunda-feira desolada, nem sempre conseguindo conter as lágrimas. Sem dúvida esse domingo vai ficar marcado na minha vida pessoal por ter experimentado sentimentos tão opostos e assustadoramente conectados e que, por isso mesmo, se tornam tão significativos.
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