terça-feira, 4 de setembro de 2018

Um domingo, dois Museus: uma conquista e uma derrota

E eu que achava que esse seria apenas mais um domingo de museu gratuito... mas uma reviravolta quis que esse domingo também fosse marcado por um outro episódio desolador e, infelizmente, irreversível.

Como em agosto deu certo nossa ida com o Theo a um Museu que oferecia gratuidade especial para esses dias, resolvemos nos arriscar, neste primeiro domingo de setembro, em uma ida a um museu maior, e escolhemos um dos meus preferidos: o Musée d'Orsay. E tivemos um dia realmente muito especial, em toda a sua simplicidade.

Theo havia passado os últimos dias indo a uma ludoteca que montaram perto de casa e era só o que queria fazer. Usei toda a psicologia infantil para explicar que se fomos com ele à ludoteca por 3 dias seguidos, nada mais justo que no domingo nós - o pai e eu - escolhêssemos o programa. E queríamos visitar um museu. Confesso que saí levemente preocupada porque não queria que de alguma forma a chance de aguçar seu interesse por museus fosse perdida.

Fiz esse preâmbulo para dar mais destaque às suas reações que viriam mais à frente. Theo saiu de casa me perguntando se eu tinha certeza de que seria legal ir ao museu; estava bem desconfiado...

Mas ao chegar lá, passou a repetir: "nossa, mamãe, valeu muito a pena mesmo não ter ido à ludoteca". Diferentes detalhes o conquistaram, começando pela entrada de tirar o fôlego com as boas-vindas do salão de esculturas em seu Pavilhão Central:

eza

O Museu está localizado às margens do Rio Sena, em um prédio que abrigava uma antiga estação de trem. E, quando perguntei para o Theo "adivinha o que esse prédio era antes de virar um museu?", ele acertou na segunda tentativa e ficou em êxtase! (A primeira resposta dele foi "um quartel de bombeiros", hahahah). E, cheio de curiosidade, logo quis explorar as maquetes expostas:



Antes de passarmos para a melhor parte da visita, paramos para uma pausa no "Café Campana", decorado justamente pelos Irmãos Campana, dupla de designers brasileiros cujo trabalho passei a admirar após visita a uma exposição no Centro Cultural Banco do Brasil. Faz muito bem se sentir próximo a um pedacinho do país que deu tão certo!



A parte mais importante da visita para mim, e que explica porquê este é um dos museus que mais gostei de visitar na vida, é a coleção impressionista, uma das maiores do mundo. Elá está o quadro que, dos que já vi pessoalmente, achei mais espetacular, que é "A noite estrelada", do van Gogh, o pintor que eu mais gosto (curiosamente, ou não, o irmão dele se chamava Theo).

E eu fiquei bem emocionada de poder mostrar o trabalho dele ao vivo para o Theo. O quadro abaixo, por exemplo, de longe, Theo foi dizendo: "Olha, mamãe, é o quarto do van Gogh". Isso porque em um livro de artes para crianças que pegamos na biblioteca daqui tinha esse quadro, daí a memória já foi devidamente criada:



Até aqui, a postagem falou de um museu e uma conquista: o Musée d'Orsay e a bem-sucedida apresentação de mais um pedacinho desse vasto mundo para o Theo. E até o parágrafo anterior eu havia escrito no próprio domingo (02 de setembro de 2018), ainda empolgada, mas deixei para fazer o 'acabamento' no dia seguinte...

..e eis que no dia seguinte acordei e vi no celular a fatídica notícia de que aquele domingo seria marcado não pelo Musée d'Orsay e pela conquista que descrevi, mas pela derrota que experimentamos no Brasil, com o incêndio que destruiu o Museu Nacional no Rio de Janeiro. Um lindo Museu que não vou ter a chance de mostrar ao Theo. Por essa e várias outras questões que a notícia também trouxe à tona - o que não cabe expor aqui - eu passei a segunda-feira desolada, nem sempre conseguindo conter as lágrimas. Sem dúvida esse domingo vai ficar marcado na minha vida pessoal por ter experimentado sentimentos tão opostos e assustadoramente conectados e que, por isso mesmo, se tornam tão significativos.



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